ROCK & SACANAGEM

Cavalo (Velhas Virgens)
Sempre tocando seu rock etílico e sem vergonha, a banda Velhas Virgens foi a pioneira ao lançar um CD inteiramente inédito nas bancas. A banda voltou a inovar e tornando-se a primeira banda independente do país a lançar um DVD comercial.

Fundada em 1986 por Paulo de Carvalho e Alexandre Cavalo Dias, que se conheceram numa escola de música da Zona Norte de São Paulo, as Velhas Virgens tiveram seu nome retirado de um filme do Mazzaropi. Nesses 15 anos de existência, a banda definiu seu estilo colocando um pé no Blues e outro no rock ’n’ roll básico, sempre cantando em Português. São quatro os CDs lançados pela banda: Foi Bom Pra Você?(1995); Vocês Não Sabem Como É Bom Aqui Dentro(1997); Sr. Sucesso (1999) e O Reveillon (2001). 

Mesmo sem muito destaque na grande mídia, a banda realiza uma média de 60 shows por ano, levando a bandeira do rock cervejeiro por todo o Brasil. A formação atual da banda VELHAS VIRGENS conta com Paulo de Carvalho (vocal, sax e gaita), Cláudia Lino (vocal), Lips Like Sugar (bateria), Caio Andrade (guitarra), Tuca (baixo) e Alexandre Cavalo Dias (guitarra e vocal) e é com ele que conversamos agora. 


O que é mais importante para a banda, a música ou a diversão? 
Um pouco de tudo. Sem a banda não há música e sem a música não há diversão. Tem um livro do Roberto Freire que ele fala que "sem tesão não há solução". E é assim que a gente age. Sem muito amor à camisa, nada vai pra frente. Então a gente tenta unir todas essas coisas pra fazer não só um show, mas uma grande festa.

Mudou alguma coisa após 15 anos de estrada?
O espírito é o mesmo. O que mudou foi que ficamos mais velhos e mais experientes. Estamos começando a aprender a fazer coisas que parecem muito simples mas que leva tempo. Aprender a fazer um bom show, escolher repertório, trabalhar em estúdio e principalmente se organizar para não morrer de fome. Resumindo manter o espírito mas virar uma empresa sustentável.

"Abre essas pernas" foi baseado em fatos reais?
Em qualquer puteiro da cidade você encontra histórias como essa. No caso dessa música especificamente tem uma parte que é real. Acho que quase todas as músicas da gente é baseada em alguma coisa que aconteceu conosco ou com conhecidos.

O quanto a música de vocês se assemelha ao estilo de vida? 
Não dá pra levar a sério tudo o que a gente fala. Cada pessoa é únca e deve pensar seus próprios caminhos. Nós realmente acreditamos na diversão, na reunião dos amigos pra tomar umas e conversar, no sexo com e sem compromisso, nós gostamos da boêmia, isso não posso negar.

Qual é o público dos Velhas Virgens?
Tem de tudo. Não dá pra ficar rotulando. Pra você ter uma idéia conversei com um senhor pai de três crianças que adorava Velhas Virgens e no mesmo dia um pessoal do Mackenzie me procurou pra fazer shows, e a molecada mais nova me manda e-mails e hoje as garotas também estão entendendo a diversão e não nos levando muito a sério.

Vocês já receberam cachê de algum show em cerveja? E em mulher?
Já recebemos em cerveja e churrasco. Já tocamos por comida, já fizemos quase tudo, mas infelizmente cachê em mulher nunca!

Vocês foram os primeiros a vender CD na banca de jornal. De onde surgiu essa idéia? 
Era uma idéia que estava no ar mas que era difícil de organizar. Como na época eu era sócio numa editora nós resolvemos apostar na parceria. E deu muito certo. Acabamos sobrevivendo depois disso.

O que vocês acham de pagar "jabá" para ter músicas tocadas nas rádios?
O jabá em si é desonesto, mas tende a acabar ou mudar de formato. Acho que não vai resistir aos novos tempos de contenção de despesas e outras coisas. De qualquer forma, quando o rádio esta tocando a sua música, você tem que dar algo em troca mas isso não deveria ser o quesito na escolha de músicas. Tem muita coisa boa, de gente que não pode dar nada em troca. Então vamos trabalhar as coisas com mais carinho e atenção. Tudo bem que eles trabalham como um "produto comercial" mas esse produto não pode ser tratado como sabão em pó. A música faz parte da nossa cultura e deveria ser tratada com mais respeito.

A que atribuem as musicas de vocês serem conhecidas por todo Brasil, e a grande vendagem (75 mil discos) mesmo sem tocar muito nas rádios? 
Primeiro ao trabalho. São dezesseis anos fazendo shows em todos os cantos e isso acabou arregimentando um público. Segundo porque, bem o mal, conseguimos tocar em algumas rádios inclusive 89, Brasil 2000, Transmérica e chegamos a ficar entre as dez mais da Jovem Pan, fato complicado pra uma banda de rock. E por fim, nosso trabalho com a internet que abriu muito nossas portas. Temos hoje mais de 20.000 cadastrados que recebem informativos e coisas das Velhas e compram nossos produtos regularmente. Quem quiser conhecer é só entrar no site. Talvez hoje esse seja nosso principal alvo de divulgação.

Por que vocês dizem que sofrem discriminação da mídia pela opção sexual da banda?
Nunca dissemos isso!! O que importa é grana! Se você pagar tocamos até em rádio de pagode! O que acontece é que o tipo de som e as letras pesadas dificultam normalmente qualquer trabalho. Você não vê muitas bandas por aí falando abertamente de drogas ou sexo! A maioria opta em fazer baladas manjadas de amor e de Carlas e Anas Julias. Não tenho nada contra música romântica desde que com qualidade.

Como tem sido a aceitação do CD ao vivo? E o DVD?
Tá ótimo! Não posso reclamar. O DVD já esta indo pra 3.000, pro nosso tamanho é um feito e o CD ao vivo eu perdi a conta!

Vocês tem planos para o futuro da banda, ou não se preocupam com isso?
Claro!! Fazemos planejamento como em qualquer empresa. Estamos acabando de organizar nossa griffe de roupa, com moda feminina e tudo. Tá sensacional, calcinhas, tops, saias, e até biquinis das Velhas. Sem contar os 8 tipos diferentes de camisetas para os marmanjos, tudo isso a venda no site e na loja que acompanha os shows. Vai ter novo CD e novo show até o meio deste ano, e para o começo do ano que vem um DVD e um livro falando das falcatruas e fedores das Velhas. Acho que já dá pra começar!

Considerações finais.
Eu queria agradece ao pessoal da Rocker Magazine e lembrar que a internet hoje é o mais importante veículo de comunicação pra quem não pode ou não quer entrar no jogo das grandes e das rádios. Pra quem tá começando o lance é se organizar, fazer muito show, tomar cuidado com a grana e tocar o barco pra frente com muito amor, amizade respeito e honestidade! Só assim a gente vai conseguir mudar essa porra! Valeu e espero que o pessoal goste e visite a gente www.velhasvirgens.com.br.

* por Edgar W. Gandolfi 

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