CORRENDO ATRÁS DO SONHO

Ulisses e Palmer (Choldra)
O Choldra surgiu em janeiro de 2000, quando seus integrantes perceberam que havia espaço na cena musical brasileira para uma banda que conseguisse trazer modernidade, livre de rótulos, com influências que se estendessem da música alternativa ao hip-hop. A banda teve seu mérito reconhecido através da participação em festivais de grande porte como a “Escalada do Rock” e promoções de rádio - a banda foi selecionada para participar, com duas musicas, da coletânea “A Vez do Brasil”, da Rádio 89 FM, uma delas, "Casulo", entrou na programação normal da rádio e ficou entre as dez mais por duas semanas. Atualmente a banda Choldra é formada por: Ulisses (v), Vinícius (g), Tato (g), Pomada (b), Rodrigo (DJ) e Palmer (d). 


Por que o nome Choldra?
Ulisses - Choldra é uma palavra da língua portuguesa que significa “ralé”, “coisa imprestável”. É tipo um bando de vagabundos juntos. Fora a fonética dessa palavra, que a gente já acha a pampa, gostamos do significado por ser o que muita gente pensa quando alguém monta uma banda: que o cara não faz nada da vida, vagabundo.

Como vocês se conheceram e por que resolveram formar a banda?
Ulisses - O Choldra é um resumo de pelo menos umas 5 bandas daqui do ABC que faziam shows juntas, e que depois de algum tempo, essas bandas foram acabando e os caras que realmente estavam afim de tocar de verdade foram se unindo e aí surgiu o Choldra.

A banda logo de início gravou uma Demo. Conseguiram tocar no Rock in Rio III, pela seleção da Escalada do Rock? Conta pra gente como foi. 
Ulisses - Na verdade a gente não tocou no Rock in Rio III, o que rolou foi que depois de poucos meses de banda, a gente gravou uma demo com 2 músicas e enviamos pro festival Escalada do Rock, no qual ficamos entre as 72 bandas escolhidas do Brasil inteiro, e dessas 72 somente 8 tocaram no festival. Nós não ficamos entre as 8, mas tocamos no Rock in Rio café na Barra da Tijuca – RJ, onde foram feitas essas seleções.

Vocês gravaram um videoclipe da música “Casulo” que foi exibido na MTV. Como surgiu a idéia de fazer o clipe para esta música e por que? 
Ulisses - A idéia surgiu quando notamos que a galera gosta de ver a nossa atitude e a nossa energia no palco, e “Casulo” é uma música que mostra muito bem o que é a banda, não só pelo som, mas também pela letra que fala sobre correr atrás de um sonho e fazer o jogo virar, então pensamos em fazer um clipe onde a gente tentasse passar essa energia que nós temos ao vivo.

Valeu a pena fazer este vídeo? Ainda é veiculado na TV? 
Ulisses - Com certeza valeu a pena! Esse clipe foi feito por nós mesmos e somente na edição tivemos a ajuda de um amigo, Marcelo Mattas, que trabalha nesse ramo. A aprovação desse clipe foi maior que o esperado, e a gente conseguiu provar que com uma boa idéia, dá pra se fazer um clipe apresentável e barato, que é o mais importante. Esse clipe não passa na MTV já faz um bom tempo, mas na época que passou, em termos de divulgação, nos ajudou muito.

O Choldra é um exemplo pra muita gente que tem banda e já está sem esperança de batalhar, porque além desse histórico de Rock in Rio Café e MTV, também participaram com duas músicas em uma coletânea da 89 FM de São Paulo e logo em seguida com “Casulo” sendo executada na programação da rádio, sem precisar do famoso jabá. Qual o conselho que vocês podem passar pra essa galera descrente?
Ulisses - Acho que conselho não existe, porque ninguém é mais do que ninguém pra falar o que é certo ou errado, mas o que eu posso dizer é que nós, do Choldra, em nenhum momento deixamos de acreditar na banda e também a nunca ficamos esperando algo cair do céu. A correria não para nunca.

Quais as dificuldades que mais enfrentam ou já enfrentaram?
Ulisses - A maior dificuldade sempre foi encontrar um bom espaço pra divulgar a banda. Acho que não só a gente, como todas as bandas que ainda estão na cena underground pensam dessa forma. Ainda é muito difícil arrumar lugares pra se fazer shows com uma boa estrutura, boa aparelhagem, etc.

As letras do Choldra são em português. Vocês acham que isso poderá dificultar a divulgação da banda no exterior um dia? 
Palmer - Caso um dia o nome Choldra chegue no exterior, será pelo mérito das músicas mesmo, pois nossa intenção é fazer um som pra galera daqui, por isso cantamos em português. Eu morei no exterior um tempo e acho que fica até mais fácil para uma banda brasileira chamar a atenção por lá cantando, por ser bem diferente. Mas isso nunca foi a prioridade da banda. Acreditamos muito no potencial de nosso país e se o Choldra ficar bem divulgado somente por aqui, já está ótimo.

Quais as principais mensagens pretendem transmitir para as pessoas que ouvirem suas músicas, tanto na letra quanto no estilo? 
Ulisses - Pra mim, música é a trilha sonora pra vida. Dependendo da aceitação de uma música, ela pode influenciar muito na vida das pessoas. Nós pensamos que se a nossa música influencia a vida das pessoas, que seja então de uma forma positiva, passando força e energia ao dia-a-dia de quem nos ouve.

Quem escreve as músicas e qual é o processo de composição? 
Ulisses - Eu escrevo. A música é a banda inteira. E a gente não tem nenhum processo pra compor, simplesmente quando vem uma idéia boa a gente trabalha em cima.

Quais são as influências e como definem o som da banda? 
Ulisses - As influências são infinitas na banda, a gente ouve muito rock alternativo(guitar bands), muito hip-hop, música tradicional latina, metal, reggae, etc. Se a música for boa, ela já se torna uma influência instantaneamente.

Algum integrante tem formação musical ou foram aprendendo tudo na raça? 
Ulisses - Acho que o único músico completo na banda é o Palmer, nosso baterista, o resto não passou de 1 ano de aula. As nossas músicas têm muito mais emoção e feeling do que técnica.

Vocês acham que a banda já teve o boom musical ou ainda falta acontecer algo mais?
Ulisses - Com certeza ainda não, falta muita correria ainda, mas eu acho que as coisas estão indo da maneira correta. Estamos cansados de ver bandas que do nada aparecem e desaparecem, pela falta de público e de experiência. Então, a gente está conquistando nosso espaço devagar, cada vez mais pessoas estão nos conhecendo e indo aos nossos shows e, no momento é isso que está importando pra gente.

Definam, o que é ser músico no Brasil? 
Ulisses - Músico no Brasil que vive bem só de música são somente aqueles que já são consagrados. Pra manter o Choldra todos na banda têm outros empregos, porque senão nem dá pra comprar uma corda de guitarra.

Vocês acham as bandas desunidas e que o público não apóia muito o underground?
Palmer - O problema que assisto de anos pra cá ainda é o mesmo... Hoje em dia é muito mais fácil ter uma banda, porque está mais fácil de comprar os instrumentos e você consegue muito mais informações na internet. Com isso o público underground acabou virando várias bandas, portanto é natural muita gente analisar shows ao invés de assisti-los. Por outro lado, o número de lugares pra tocar e oportunidades diminuiu muito e a qualidade dos que existem está cada vez pior, e isso acaba gerando uma certa competição entre as bandas, pra fazer o show mais lotado, ou o melhor show do festival, também organizar o melhor festival, estar na melhor panel. Mas vejo tudo isso como algo produtivo desde que o respeito seja preservado.

Já tocaram com outras bandas conhecidas? 
Ulisses - Já tivemos a oportunidade de tocar com o Pavilhão 9, Garage Fuzz, Rumbora, Tihuana e agora com o Rodox.

Com qual banda nacional ou internacional vocês morrem de vontade em dividir o mesmo palco?
Ulisses - Com certeza o Deftones.

Melhor Banda nacional? 
Ulisses - O Rappa

Já fizeram alguma coisa considerada loucura, por causa da banda? 
Ulisses - Talvez só o fato de estar nessa correria a 10 anos já seja uma loucura

O Choldra pensa no agora ou no futuro? 
Ulisses - Com certeza no agora, o futuro a Deus pertence.

* por Gisele Santos 

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