O mundo é uma bola

Não, meus caros. Ninguém poderia imaginar no começo do ano passado shows praticamente simultâneos dos Rolling Stones e do U2 no Brasil? E não pára por aí: Santana, Oasis, Jamiroquay, Echo and the Bunnyman... e sei lá quem mais. Coincidência? Ou será que subitamente os grandes astros reconheceram a grandiosidade do público brasileiro? Claro que não. A causa desta avalanche de shows internacionais é o baixo valor do dólar. Pode parecer tolice escrever sobre isso, mas é um fato que pode passar despercebido diante da empolgação do fã menos atento. E não é só o show business que é afetado. Veja nos campos de futebol: uma invasão de estrangeiros em todos os grandes times do país, causada pelo mesmo motivo. E antes que algum ufanista grite orgulhoso comemorando o sucesso da política econômica, saiba que a desvalorização do dólar é um sintoma global, em outras palavras: não é o Real que está forte, mas a moeda americana que está enfraquecida. Aliás, o dólar baixo não interessa ao Governo.

Por outro lado, chega a ser ofensivo o preço exorbitante do ingresso. Eu não pagaria R$ 210,00 nem para ver Jesus Cristo, quanto mais o U2, com todo respeito aos irlandeses. A meia-entrada, conquista dos estudantes, fez com que o preço do ingresso dobrasse, ou seja, quem paga meia está pagando a inteira de outros tempos. No tempo do Hollywood Rock e festivais similares, com R$ 210,00 era possível alugar uma kitnet embaixo do palco e passar a semana inteira dentro do Pacaembú ou Morumbi.

A vida é assim, e não podemos fazer nada... Será? Esse ano é ano de eleição. É bom ficar atento à aquela coisa distante e amorfa chamada política, e perceber o quanto ela interfere no nosso dia-a-dia.

* por Eduardo de Souza