Brito e a Gênese
Quando eu estava na quarta, ou quinta série, assisti ao meu primeiro show de rock. E eu lembro de ter visto no pequeno palco da minha escola aquele cantor que eu já conhecia da televisão. Silvio Brito entrou no palco, assim como ele é hoje, mesmo cabelo, mesmo óculos, com sua irreverência tresloucada e músicas que eu sabia às tantas. A despeito do que as pessoas pensam hoje, o estigma dele na época era a de roqueiro doidão. Era o "rival" de Raul Seixas.
E eu já gostava de Silvio Brito, primeiramente porque Silvio era o nome do meu pai, mesmo meu pai não simpatizando com o homônimo, muito rebelde, para os conceitos dele. Segundo, porque eu achava Silvio Brito parecido com Daniel Azulay. Mas a verdade era que eu me identificava com aquelas músicas: "Tá Todo Mundo Louco", "Pare o Mundo Que Eu Quero Descer", "Careca, Sem Dente e Pelado", "Espelho Mágico". O que Brito cantava fazia mais sentido para mim do que canções de amor e outras coisas que eu ouvia na televisão, já que na minha casa rádio era só para ouvir notícias.
Ontem eu vi Silvio Brito na TV, pela segunda vez em menos de um mês. Foi como retornar a gênese de mim mesmo. Brito prometeu lançar um disco, um DVD e um livro, ainda esse ano. Talvez buscando outra gênese, a dele. Quiçá eu fosse o mesmo se Brito nunca tivesse ido à minha escola, ou se sequer tivesse ouvido suas canções. Como Issac Newton afirmou ter subido nos ombros de gigantes para poder enxergar adiante, talvez Silvio Brito seja um dos primeiros gigantes da minha existência, um dos que me fez ver além, me fez questionar, me fez ver que a vida tem muito mais a oferecer que um cartão de ponto e medicamentos prescritos. Persistir na loucura, só há de torná-la sabedoria.
Enquanto isso, bato meu ponto.
* por Eduardo de Souza
Enquanto isso, bato meu ponto.
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