A AMEAÇA
Romero e Andre (Threat)
Formada em São Paulo, no início de 2001 por Wecko Mainente (g/v), Fabio Romero (b/v), André Curci (g) e Edu Garcia (b), o Threat chegou ao cenário misturando diversas sonoridades pesadas as suas composições - tendo o "groove" em suas levadas como principal característica - a banda apresenta riffs fortes e refrãos cativantes, sem perder a personalidade, notada nas composições, na energia e principalmente na postura ao vivo. A banda vem se apresentando com frequência no cenário nacional, tocando tanto em casas específicas e festivais de metal, todos com ótimas críticas de público e imprensa. Saibam mais sobre o Threat, através das palavras de Romero e André, em entrevista concedida à Gisele Santos.
Conta pra gente como a banda foi formada e de quem surgiu a idéia?
Romero: Eu e o Wecko resolvemos tocar esse projeto pra frente. Sempre tocamos juntos, pra quem não sabe éramos do Proposital Noise, de São Paulo e estávamos em busca de algo que fosse um lance mais família, união. Começamos a compor alguns sons e conhecemos o Edú nessa época. Ele curtiu o som, tirou as músicas e topou o desafio. O André veio um pouco depois, já o conhecíamos e ele estava na mira, já que ele vinha do Full Range, outra banda muito boa de São Paulo além de tocar com o Edú no cover de Pantera. Tirando o Edú, o resto da banda já tinha 10 anos de underground. Ficou tudo entre amigos mesmo e hoje não faz muito sentido pensar em quem formou porque não imaginamos a banda sem um de nós.
Por que o nome Threat?
Romero: Threat em inglês quer dizer ameaça. É um nome forte, soa diferente e é difícil de pronunciar direito, mas é simples. Acho que assim que bolamos a parte gráfica tivemos certeza que esse era o nome, é meio a cara da banda. Ficou simples e fácil. Uma vez que você acertou, já era, não esquece mais.
Quais as principais influências da banda?
Romero: Acho que a maior influência da banda não é sonora, mas é mental e é a falta de preconceito. Crescemos ouvindo todo tipo de som e na hora de compor a impressão é de que sai um pouco de cada coisa. Sei lá, tem um pouco de Kiss um pouco de Suicidal Tendencies, um pouco de Anthrax, um pouco de tudo.
Em dois anos de existência, quais são as maiores dificuldades que enfrentam até hoje?
Romero: Na verdade, acho que ainda não encontramos muita dificuldade. O amadurecimento do som é a maior dificuldade e leva um certo ponto até estarmos prontos sentindo firmeza pra tocar, gravar. Essa é a fase que estamos atravessando, começando a tocar, começando a gravar e a partir de agora esperamos contar com muito mais dificuldade pra dar aquele gosto do desafio e o melhor, depois, do desafio superado. Acho fundamental esse amadurecimento porque é a hora em que você decide o rumo das coisas. É por isso que respeito muito bandas de culhões, como o Downcast, que meteu as caras e foi lá pra Inglaterra, ou O Retturn, na Holanda ou ainda a que eu considero a pioneira, muito fudida, o Overdose. Esses caras deixam claro que não importa a dificuldade, o esforço é válido. Nem pensam em dificuldades, pensam na banda, e acho que é o certo. Se ficarmos pensando em dificuldade, acabamos nem levantando da cama.
Afinal, como vocês classificam o estilo de som do Threat?
Romero: Metal. Pesado e trabalhado.
Vocês têm dois CDs Demo e um EP. Quando pensam em gravar um CD completo?
Romero: Talvez agora seja o momento ideal para começar a gravar. Na verdade, as demos eram pra ficar meio na moita, mais pra sentir e som e menos pela divulgação. Um termômetro. Mas acho que valeu a pena fazer, porque sentimos o que soa mais legal e o que tem mais a ver conosco e com quem ouve. É claro, concentramos o esforço em fazer o que sentimos e é legal ver os outros se identificando com isso. André: Já temos músicas para um CD completo, mas estamos esperando a hora certa, uma gravadora e o empresário certo, pois não queremos fazer um CD só pra falar que temos um. Isso todas as bandas undergrounds já fazem. Queremos fazer algo muito mais completo e seguro
Qual é o nome deste EP e como foi o processo de gravação?
Romero: Esse EP só tem o ano de gravação, 2003. Gravamos lá em Salto com um grande brother, o Aldo, em seu estúdio HP Records. É muito legal gravar com um amigo, porque ficamos muito a vontade. Ainda mais um cara que não tem medo de gravar todos os estilos. Sei que agora ele está gravando o Zolthar, uma banda da Tumba Records, então quando um cara consegue ter essa versatilidade só fica ruim se a banda for ruim. Apesar de termos que viajar, sair no meio do dia e voltar de madrugada, valeu a pena. Até pela diversão, que conta mais.
Muita gente já adquiriu este EP? Como tem repercutido?
Romero: Não muita. O cd só é vendido pelo site e em shows. Ele foi lançado a cerca de 3 meses, mas começamos a mostrar agora e a vender no último show, dia 10/04. Vendemos em torno de 100 cópias, por enquanto. Mas você tem que levar em consideração que ele está disponível pra download gratuitamente em nosso site e a venda é pra quem gostar mesmo, quiser dar força ou pretender ter o material da banda, portanto acabamos vendendo menos. A repercussão tem sido ótima.
Como é o processo de composição? Primeiro a letra ou música?
Romero: É meio indiferente pra nós. Às vezes a música sai antes e outras a letras já estava pronta e encaixa como uma luva. Às vezes guardamos uma melodia e depois mudamos tudo. Não temos muito padrão. A composição é bem livre. Pra citar alguns exemplos, “Ready” foi feita pelo Wecko e pelo Edú e eu encaixei a letra (que fiz após ouvir o primeiro rascunho de riff no ensaio) com o Wecko depois. Em “One Man Stand” eu encaixei a letra no estúdio, depois que a música estava totalmente gravada. Eu curto muito escrever em cima do som pronto, porque a adrenalina estimula o neurônio a pensar e acaba saindo mais a ver.
Vocês seguem algum tema para compor?
Romero: Acho que as letras são bem pessoais, mas variam bastante. Dá pra ver pelos nomes, “15 Years”, “One Man Stand”, “Moving On”, etc. Só lendo pra sacar. Se quiser ler, elas estão disponíveis também em nosso site.
Como é o relacionamento da banda?
Romero: É como uma família, um sempre querendo ferrar o outro....risos...mentira. É excelente! Daqui a pouco o André chega aqui pra uma pizza, o Edú acabou de ligar. Estamos sempre em contato.
André: Temos nossos empregos e nossas famílias, mas tentamos estar próximos no dia-a-dia nem que seja por e-mail ou fone, também uma vez por semana no ensaio.
Como são os shows de vocês? Já se apresentaram fora de São Paulo?
André: O show é bastante energético e divertido. Já tocamos em Vitória/ES.
Vocês têm sonho de tocar em um mesmo festival com uma banda consagrada? Qual?
André: Hoje estamos com os pés no chão, mas já entramos em muita roubada com as nossas bandas anteriores. Não temos essa pretensão de nos mostrar para alguma banda famosa. Agora só pensamos no Threat e se pintar algum convite para um festival com banda legal, ótimo.
Qual é a sincera opinião de vocês sobre o cenário underground metal brasileiro?
André: Vergonhoso! Quando a gente era roqueiro nos anos 90, toda a galera era unida, mas hoje o cara é new metal e arruma treta com o outro que curte o melódico. Fã do black metal não vai ao show, porque a banda que vai tocar é de metal tradicional. O rock já está tão discriminado e ao invés das tribos se unirem, elas se subdividem mais ainda criando outras minorias. Lá fora não é assim... Romero: Ao mesmo tempo, acho o cenário promissor, tem muita banda boa com as quais temos tocado, independente de estilo. Dá pra citar um monte de banda, mas não vou por nome para não esquecer ninguém. Talvez, se as bandas começassem a encarar o seu trabalho com mais seriedade e menos nariz empinado as coisas ficassem melhor. Afinal, bandas não são feitas pra competir.
Todos os integrantes trabalham, porque ainda não conseguem vive somente da música. Vocês já chegaram a largar tudo para se dedicar somente à banda ou ainda pensam em fazer isso um dia?
Romero: O Edú vive de música. Se eu fosse viver da música (da minha banda) não teria nem baixo pra tocar. Graças ao meu trabalho compro o que preciso e toco o que quero, é a diferença das bandas patrocinadas, elas têm que tocar o que o patrocinador quer. Aí eu não quero.
André: Queremos fazer isso, mas não podemos ficar pensando que a banda vai dar certo e apostar tudo nisso, pois conhecemos a dificuldade e ignorância musical no Brasil.
Quais são os planos para o futuro?
André: Queremos encontrar uma gravadora que nos dê a condição de fazer um trabalho sério e lançar o 1º CD. Depois, ter as condições para fazer uma tour nacional e o resto do processo é natural.
* por Gisele Santos
Formada em São Paulo, no início de 2001 por Wecko Mainente (g/v), Fabio Romero (b/v), André Curci (g) e Edu Garcia (b), o Threat chegou ao cenário misturando diversas sonoridades pesadas as suas composições - tendo o "groove" em suas levadas como principal característica - a banda apresenta riffs fortes e refrãos cativantes, sem perder a personalidade, notada nas composições, na energia e principalmente na postura ao vivo. A banda vem se apresentando com frequência no cenário nacional, tocando tanto em casas específicas e festivais de metal, todos com ótimas críticas de público e imprensa. Saibam mais sobre o Threat, através das palavras de Romero e André, em entrevista concedida à Gisele Santos.
Conta pra gente como a banda foi formada e de quem surgiu a idéia?
Romero: Eu e o Wecko resolvemos tocar esse projeto pra frente. Sempre tocamos juntos, pra quem não sabe éramos do Proposital Noise, de São Paulo e estávamos em busca de algo que fosse um lance mais família, união. Começamos a compor alguns sons e conhecemos o Edú nessa época. Ele curtiu o som, tirou as músicas e topou o desafio. O André veio um pouco depois, já o conhecíamos e ele estava na mira, já que ele vinha do Full Range, outra banda muito boa de São Paulo além de tocar com o Edú no cover de Pantera. Tirando o Edú, o resto da banda já tinha 10 anos de underground. Ficou tudo entre amigos mesmo e hoje não faz muito sentido pensar em quem formou porque não imaginamos a banda sem um de nós.
Por que o nome Threat?
Romero: Threat em inglês quer dizer ameaça. É um nome forte, soa diferente e é difícil de pronunciar direito, mas é simples. Acho que assim que bolamos a parte gráfica tivemos certeza que esse era o nome, é meio a cara da banda. Ficou simples e fácil. Uma vez que você acertou, já era, não esquece mais.
Quais as principais influências da banda?
Romero: Acho que a maior influência da banda não é sonora, mas é mental e é a falta de preconceito. Crescemos ouvindo todo tipo de som e na hora de compor a impressão é de que sai um pouco de cada coisa. Sei lá, tem um pouco de Kiss um pouco de Suicidal Tendencies, um pouco de Anthrax, um pouco de tudo.
Em dois anos de existência, quais são as maiores dificuldades que enfrentam até hoje?
Romero: Na verdade, acho que ainda não encontramos muita dificuldade. O amadurecimento do som é a maior dificuldade e leva um certo ponto até estarmos prontos sentindo firmeza pra tocar, gravar. Essa é a fase que estamos atravessando, começando a tocar, começando a gravar e a partir de agora esperamos contar com muito mais dificuldade pra dar aquele gosto do desafio e o melhor, depois, do desafio superado. Acho fundamental esse amadurecimento porque é a hora em que você decide o rumo das coisas. É por isso que respeito muito bandas de culhões, como o Downcast, que meteu as caras e foi lá pra Inglaterra, ou O Retturn, na Holanda ou ainda a que eu considero a pioneira, muito fudida, o Overdose. Esses caras deixam claro que não importa a dificuldade, o esforço é válido. Nem pensam em dificuldades, pensam na banda, e acho que é o certo. Se ficarmos pensando em dificuldade, acabamos nem levantando da cama.
Afinal, como vocês classificam o estilo de som do Threat?
Romero: Metal. Pesado e trabalhado.
Vocês têm dois CDs Demo e um EP. Quando pensam em gravar um CD completo?
Romero: Talvez agora seja o momento ideal para começar a gravar. Na verdade, as demos eram pra ficar meio na moita, mais pra sentir e som e menos pela divulgação. Um termômetro. Mas acho que valeu a pena fazer, porque sentimos o que soa mais legal e o que tem mais a ver conosco e com quem ouve. É claro, concentramos o esforço em fazer o que sentimos e é legal ver os outros se identificando com isso. André: Já temos músicas para um CD completo, mas estamos esperando a hora certa, uma gravadora e o empresário certo, pois não queremos fazer um CD só pra falar que temos um. Isso todas as bandas undergrounds já fazem. Queremos fazer algo muito mais completo e seguro
Qual é o nome deste EP e como foi o processo de gravação?
Romero: Esse EP só tem o ano de gravação, 2003. Gravamos lá em Salto com um grande brother, o Aldo, em seu estúdio HP Records. É muito legal gravar com um amigo, porque ficamos muito a vontade. Ainda mais um cara que não tem medo de gravar todos os estilos. Sei que agora ele está gravando o Zolthar, uma banda da Tumba Records, então quando um cara consegue ter essa versatilidade só fica ruim se a banda for ruim. Apesar de termos que viajar, sair no meio do dia e voltar de madrugada, valeu a pena. Até pela diversão, que conta mais.
Muita gente já adquiriu este EP? Como tem repercutido?
Romero: Não muita. O cd só é vendido pelo site e em shows. Ele foi lançado a cerca de 3 meses, mas começamos a mostrar agora e a vender no último show, dia 10/04. Vendemos em torno de 100 cópias, por enquanto. Mas você tem que levar em consideração que ele está disponível pra download gratuitamente em nosso site e a venda é pra quem gostar mesmo, quiser dar força ou pretender ter o material da banda, portanto acabamos vendendo menos. A repercussão tem sido ótima.
Como é o processo de composição? Primeiro a letra ou música?
Romero: É meio indiferente pra nós. Às vezes a música sai antes e outras a letras já estava pronta e encaixa como uma luva. Às vezes guardamos uma melodia e depois mudamos tudo. Não temos muito padrão. A composição é bem livre. Pra citar alguns exemplos, “Ready” foi feita pelo Wecko e pelo Edú e eu encaixei a letra (que fiz após ouvir o primeiro rascunho de riff no ensaio) com o Wecko depois. Em “One Man Stand” eu encaixei a letra no estúdio, depois que a música estava totalmente gravada. Eu curto muito escrever em cima do som pronto, porque a adrenalina estimula o neurônio a pensar e acaba saindo mais a ver.
Vocês seguem algum tema para compor?
Romero: Acho que as letras são bem pessoais, mas variam bastante. Dá pra ver pelos nomes, “15 Years”, “One Man Stand”, “Moving On”, etc. Só lendo pra sacar. Se quiser ler, elas estão disponíveis também em nosso site.
Como é o relacionamento da banda?
Romero: É como uma família, um sempre querendo ferrar o outro....risos...mentira. É excelente! Daqui a pouco o André chega aqui pra uma pizza, o Edú acabou de ligar. Estamos sempre em contato.
André: Temos nossos empregos e nossas famílias, mas tentamos estar próximos no dia-a-dia nem que seja por e-mail ou fone, também uma vez por semana no ensaio.
Como são os shows de vocês? Já se apresentaram fora de São Paulo?
André: O show é bastante energético e divertido. Já tocamos em Vitória/ES.
Vocês têm sonho de tocar em um mesmo festival com uma banda consagrada? Qual?
André: Hoje estamos com os pés no chão, mas já entramos em muita roubada com as nossas bandas anteriores. Não temos essa pretensão de nos mostrar para alguma banda famosa. Agora só pensamos no Threat e se pintar algum convite para um festival com banda legal, ótimo.
Qual é a sincera opinião de vocês sobre o cenário underground metal brasileiro?
André: Vergonhoso! Quando a gente era roqueiro nos anos 90, toda a galera era unida, mas hoje o cara é new metal e arruma treta com o outro que curte o melódico. Fã do black metal não vai ao show, porque a banda que vai tocar é de metal tradicional. O rock já está tão discriminado e ao invés das tribos se unirem, elas se subdividem mais ainda criando outras minorias. Lá fora não é assim... Romero: Ao mesmo tempo, acho o cenário promissor, tem muita banda boa com as quais temos tocado, independente de estilo. Dá pra citar um monte de banda, mas não vou por nome para não esquecer ninguém. Talvez, se as bandas começassem a encarar o seu trabalho com mais seriedade e menos nariz empinado as coisas ficassem melhor. Afinal, bandas não são feitas pra competir.
Todos os integrantes trabalham, porque ainda não conseguem vive somente da música. Vocês já chegaram a largar tudo para se dedicar somente à banda ou ainda pensam em fazer isso um dia?
Romero: O Edú vive de música. Se eu fosse viver da música (da minha banda) não teria nem baixo pra tocar. Graças ao meu trabalho compro o que preciso e toco o que quero, é a diferença das bandas patrocinadas, elas têm que tocar o que o patrocinador quer. Aí eu não quero.
André: Queremos fazer isso, mas não podemos ficar pensando que a banda vai dar certo e apostar tudo nisso, pois conhecemos a dificuldade e ignorância musical no Brasil.
Quais são os planos para o futuro?
André: Queremos encontrar uma gravadora que nos dê a condição de fazer um trabalho sério e lançar o 1º CD. Depois, ter as condições para fazer uma tour nacional e o resto do processo é natural.
* por Gisele Santos
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